Encontro 2018

Desafios da alimentação sustentável e da cooperação ambiental

PROSSEGUE A COOPERAÇÃO E CONVERGÊNCIA PARA UM AMBIENTE PERENE E SAUDÁVEL

Pela segunda vez em anos consecutivos, reuniram-se em Famalicão, no sábado 10 de novembro de 2018, grupos formais e informais, associações, coletivos, iniciativas, projetos, movimentos, entidades e cidadãos a título individual, com vista a dar continuidade ao trabalho conjunto de convergência, iniciado em 2017 em torno ao lema "Ação Ecológica, Transição Sustentável e Regeneração".

Desta vez o encontro decorreu sob o mote "Desafios da alimentação sustentável e da cooperação ambiental".

Alimentação, base da comunidade

Quanto ao primeiro tema, o debate foi introduzido por duas comunicações em videoconferência. A primeira esteve a cargo de Margarida Silva, bióloga e professora universitária, coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora, e abordou "os impactos dos organismos geneticamente modificados no ambiente, na agricultura e na alimentação", tendo incluído um ponto de situação sobre os ogm, em especial as plantas transgénicas, e tendo como pano de fundo as atuais urgências do combate por uma agricultura livre de transgénicos e, bem ainda, as armadilhas legislativas que pairam sobre os consumidores, designadamente a nível do espaço comunitário europeu.

Dos transgénicos aos pesticidas

A questão dos pesticidas, já abordada na primeira comunicação, com enfoque especial na recente polémica sobre o glifosato, foi brevemente analisada na segunda comunicação por Alexandra Azevedo, veterinária, animadora da campanha da Quercus a favor de autarquias livres de herbicidas. Referiu as dificuldades de fazer avançar esta ideia mas ao mesmo tempo a maior abertura que tem vindo a verificar-se junto de alguns autarcas, municípios e freguesias. Houve em seguida uma troca de impressões entre os participantes neste encontro com motivo nestas apresentações, mas o tempo foi escasso para tema de tão grande amplitude. No entanto, foram apresentadas resumidamente duas propostas por parte dos organizadores do encontro que têm em vista aprofundar a reflexão sobre este tema e sobre o seu alcance para a saúde humana e para a sanidade do ambiente.

Continuidade, como assegurá-la

Quanto ao segundo tema, partiu-se da vontade que se verificou em 7 de outubro de 2017, no primeiro encontro, de ser dada continuidade à convergência então iniciada. Tendo em conta a aprovação da Carta de Famalicão, as duas associações organizadoras, em outubro de 2017, consideraram oportuna a criação de um espaço digital que a albergasse e permitisse que fossem recolhidas mais adesões, tanto a nível coletivo como individual, o que tem vindo a acontecer.

Assim, este encontro intercalar de 2018, de formato reduzido (apenas uma tarde), teve em vista propor aos interessados que se pronunciassem sobre esta questão da continuidade, para o que foram apresentadas pelos organizadores algumas propostas.

"Corrente organizativa"

A mais importante delas foi a proposta de criação de uma espécie de "corrente organizativa" capaz de passar a palavra de ano em ano a novos organizadores, de maneira teoricamente ininterrupta. A ideia era tornar possível a realização regular de novos encontros, de modo a aprofundar as relações de cooperação entre todos, por um lado, e a reforçar a convergência nas temáticas do ambiente, da ação ecológica e da transição sustentável e regenerativa, que estão longe de ter sido esgotadas nestes dois encontros.

Partiu-se, porém, de uma primeira constatação realista: a Associação Famalicão em Transição e a Campo Aberto - associação de defesa do ambiente, não desejam continuar a assumir essa continuidade indefinidamente. Por duas razões: a primeira porque tal implica um considerável esforço para além da sua atividade normal, que já é bastante absorvente; a segunda, porque acreditam que o objetivo de cooperação e convergência só ganha pleno sentido se o referido trabalho for partilhado por vários intervenientes e sucessivamente assumido por todos os coletivos e entidades que partilham objetivos idênticos.

Criar um Grupo Coordenador

Propôs-se por isso criar um Grupo Coordenador, composto por quatro coletivos: as duas associações cessantes e dois novos coletivos.

A função das duas componentes cessantes seria a de transmitir as informações e o acervo até agora constituído aos dois novos coletivos, que tomariam em mãos a organização efetiva, embora as associações cessantes se mantivessem ao dispor para ajudas pontuais, até à realização do próximo encontro.

Convidaram-se os coletivos presentes a voluntariarem-se para estudarem a possibilidade de assumirem essa herança. O clima de boa vontade era já sensível na assembleia mas foi eloquentemente confirmado quando se constatou que sete representantes de coletivos presentes se ofereceram para apresentarem à sua respetiva direção a proposta de analisarem a possibilidade e viabilidade de se constituírem como integrantes do Grupo Coordenador.

Sete ou mesmo oito

Os coletivos que se prontificaram a avançar caso a respetiva direção o viesse a confirmar, foram os seguintes:

  • AVE - Associação Vimaranense para a Ecologia (Guimarães)
  • Associação dos Amigos do Mindelo para a Defesa do Ambiente (Mindelo, Vila do Conde)
  • Associação dos Amigos do Rio Ovelha (Várzea de Ovelha, Marco de Canaveses)
  • Associação Moving Cause (Soajo e Porto)
  • H2AVE, associação de defesa do Rio Ave (Famalicão)
  • Movimento Slow Food (Porto)
  • Palombar - Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural (Uva, Vimioso)

Acresce que a H2AVE propôs igualmente a inclusão da associação ACTEA, de Fafe, que, embora não podendo estar presente, iria aderir segundo garantia dada pela H2AVE.

Ficamos então a aguardar que esses oito coletivos confirmem, junto da respetiva direção, que mantêm e assumem a candidatura. Embora esse ponto tivesse ficado omisso, propomos que os oito coletivos confirmem a sua disponibilidade até 15 de janeiro de 2019, ou, eventualmente, se necessário, até 31 de janeiro do próximo ano.

E se todos confirmarem e assumirem? Bom, nesse caso será motivo de regozijo, e ver-se-á como, mantendo embora o esquema 2+2 do Grupo Coordenador, se poderão inserir os restantes no esforço comum, talvez sob a forma de apoiantes expressos do Grupo Coordenador, sem exclusão de que qualquer coletivo, que já tenha integrado estes encontros ou de outros que venham a revelar-se interessados, poder igualmente dar o seu contributo, mantendo embora com clareza a responsabilidade do grupo a 4.

Mas houve mais

Em próximas comunicações, relembraremos as restantes três propostas apresentadas. Embora não tivesse havido votação formal ou consulta informal, foi notória uma boa recetividade da assembleia. A concretização dessas propostas seria impulsionada pelo Grupo Coordenador. Resumidamente, seriam: a inventariação de ações, iniciativas e ferramentas existentes em Portugal com vista a uma alimentação e agricultura perenes e saudáveis, que seriam registadas no espaço digital da Carta de Famalicão (1); a elaboração ao longo do ano de 2019 de um documento de referência e orientação, o qual resultaria de uma metodologia de consensualização semelhante àquela que foi utilizada na redação da Carta de Famalicão, recolhendo os princípios, problemas e possíveis soluções para que em Portugal se estabeleçam uma agricultura e alimentação perenes e saudáveis (2); e, finalmente, o lançamento de um Dia de Convergência Ambiental e Ação Comum, de estrutura organizativa muito leve e totalmente descentralizada, que teria no entanto em comum uma data de referência, em cada ano um tema único embora possível de traduzir-se nas mais variadas ações e modalidades e, eventualmente, alguns elementos gráficos comuns que possibilitassem, vistos do exterior, a sua identificação como dimanando de uma inspiração e de um espírito comuns (3).

Ficamos à escuta!

Até breve

Associação Famalicão em Transição, 

Campo Aberto - associação de defesa do ambiente

Fotografias do Encontro 2018: https://photos.app.goo.gl/74aMmJ2f9WqbFsBj9

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